Em pequenina, o João e o Pé de Feijão não era, definitivamente, a minha história preferida. Tinha a mania de que era uma criança racional e sempre me fez confusão aquela história de o João plantar feijões e aparecer um pé de feijão que ia até às nuvens. Contos de fadas, só se pode ir até certo ponto nas teorias de enganar crianças.
“Diz a lenda que trocou suas certezas por alguns sonhos mágicos”. Há dois anos que tenho uma frase anotada num post-it da minha secretária, de um artigo que li do João Almeida Moreira, que trocou Portugal pelo Brasil e pelo meio foi pai de gémeos, assim tudo muito aleatório. O post-it mantém-se colado, quase como por milagre, tendo em conta a qualidade dos post-its, e continua a fazer sentido. Diz “troquei, profissionalmente e não só, o certo pelo incerto e percebi que é mais provável a felicidade vir com o segundo do que com o primeiro.”
De vez em quando, racionalizo demasiado. Faço tabelas de prós e contras na minha cabeça em fracções de segundo. Pondero, meço e tantos outros verbos que poderiam ser utilizados. E, por vezes, isso deixa-me demasiado ansiosa. Mas fui aprendendo a lidar com isso, com o passar do tempo. E a frase ajuda. A verdade é que já perdi a conta às vezes em que já a li; mas ajuda-me a relativizar, a pensar “porra, estou a pensar demasiado”.
Aprendi que, às vezes, não há mal nenhum em ser um bocadinho João. Também aprendi que tenho de dar uma oportunidade ao Cícero.
P.S.: Isto anda parado, mas não vou prometer que irei fazer um post todos os dias porque sou realista. Ainda assim, continuo a cumprir o desafio e oiço uma música nova todos os dias. Tanto que a lista do Spotify já ultrapassou as 17 horas.